domingo, abril 23, 2006

Nos 90 Anos do 1.º Manifesto

O Integralismo Lusitano foi sobretudo um movimento de novos e conquistou, sucessiva e progressivamente, a melhor parte da juventude das escolas. A Junta Central era constituída por um verdadeiro escol cujo prestígio moral e intelectual se radicou muito cedo. O ardor das suas convicções, o seu entusiasmo irresistível e até a sua mocidade empolgaram as novas gerações que abraçaram fervorosamente as ideias integralistas. Era nelas principalmente que se iam recrutando novos adeptos, ao mesmo tempo que se formavam vontades e inteligências, que faziam de cada novo integralista um apóstolo. Era a revista, era a conferência, era a discussão pública, era a agitação permanente, nos cafés, nas ruas e nas salas, com um desprezo total pelas grandes personalidades convencionais e vazias, pelos preconceitos, pelas autoridades policiais, pelas conveniências sociais, numa atitude irritante e escandalosa de permanente irreverência que, se afastava os timoratos e os sensíveis, também por outo lado atraía, entusiasmava, arrebatava os melhores, os mais decididos, os mais corajosos. (...)
Confirmavam-se na acção destes rapazes — que só em conjunto se compreende, pois, com dotes diversos, admiravelmente se completavam uns aos outros — as palavras de Maurice Barrès que António Sardinha tanto gostava de citar:
«Que é o entusiasmo se o pensamento o não coordena? Que é o pensamento se o entusiasmo o não anima?»

Leão Ramos Ascenção, O Integralismo Lusitano, Edições Gama, Colecção Série A — Política, n.º 7, Lisboa, 1943.