domingo, março 12, 2006

A propósito de Dom Miguel

Fado do Embuçado

Noutro tempo a fidalguia
Que deu brado nas toiradas
Frequentava a Mouraria
E em muito palácio havia
Descantes e guitarradas!

A história que vou contar
Contou-ma certa velhinha,
Uma vez que fui cantar
Ao salão dum titular
Lá pró Paço da Raínha!

E nesse salão doirado,
De ambiente nobre e sério,
Para ouvir cantar o fado
Ia sempre um embuçado,
Personagem de mistério!

Mas certa noite houve alguém
Que lhe disse, erguendo a fala:
«Embuçado, nota bem,
Hoje não fique ninguém
Embuçado nesta sala!»

Ante a admiração geral,
Descobriu-se o embuçado.
Era El-Rei de Portugal,
Houve beija-mão real
E depois... cantou-se o fado.

Letra: Gabriel de Oliveira
Música: Alcídia Rodrigues
(Para ouvir, de preferência,
interpretado por João Ferreira-Rosa)

3 Comments:

Blogger Jansenista said...

Curioso que, lendo umas notícias de fado, pensei como deixei de gostar de fado desde que Carlos Ramos morreu e João Ferreira Rosa se reformou.
Bela lembrança, está quase perdoada a apologia das touradas ( e quase esquecida a confissão miguelista).

10:30 da manhã  
Blogger Luís Bonifácio said...

O "Embuçado" era D. João VI e não D. Miguel!

10:49 da manhã  
Blogger Mendo Ramires said...

É verdade, caro Luís Bonifácio. Mas, nem tudo pode ser levado 'à letra'. Aqui, pretende-se homenagear El-Rei Dom Miguel, lembrando a sua ligação aos Fados e aos Touros — e, Graças a Deus, muitas vezes (ou)vi eu este Fado ser dedicado a Dom Miguel.

1:28 da tarde  

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