domingo, novembro 26, 2006

Amor à Arte

Finalmente, se para cada povo a arte é a segurança da tradição, o refúgio das consciências, o mais puro reflexo da imagen benigna da pátria, a fonte mais caudal de todos os progressos, morais, económicos e até políticos, para cada homem, na tortura de tantas incertezas morais, na mágoa e na ruína de tantas crenças extintas, de tantos ideais desfeitos no melancólico decurso da nossa idade, a arte é ainda — como diz Schopenhauer — a única flor da vida.
Ramalho Ortigão, O Culto da Arte em Portugal, Esfera do Caos Editores, Lisboa, 2006 [Obra originalmente editada por António Maria Pereira, Lisboa, 1896].