Procurando uma Geração
E hoje, mais do que nunca, precisamos de uma geração — no sentido intelectual — una no seu modo de sentir e pensar, sem prejuízo das afirmações individuais que dentro dela possam e devam destacar-se. Tê-la-emos? Se a temos, que se afirme; se a não temos, criemo-la.
Na verdade, porém, depois dos «Vencidos da Vida», que tivemos nós digno de atenção? Os integralistas e os futuristas, saídos da mesma reacção contra a nossa atonia moral, política e intelectual, mas seguindo caminhos diferentes, desencontrando-se e morrendo, finalmente, por formas diferentes.
O Integralismo foi, manifestamente, o movimento intelectual mais interessante dos últimos cinquenta anos da vida portuguesa. Porque falhou? Porque fracassou? (...)
Quando acima digo que o Integralismo fracassou, o verbo deve entender-se no seu sentido relativo. Fracassou como organização de combate; não fracassou, porém, no seu aspecto doutrinário, porque as ideias que propugnou estão hoje na raíz do Estado Novo. (...) No plano doutrinário, com a morte de António Sardinha, o Integralismo Lusitano perdeu o seu Chefe incontestado — e ninguém se sentiu com forças para o continuar. No plano da acção política, o Integralismo fracassou, e os integralistas dispersaram-se. Se o Integralismo tem permanecido, alguns anos mais como trincheira puramente doutrinária, a sua posição na sociedade portuguesa talvez hoje fosse outra, talvez outro tivesse sido o seu destino...
Augusto da Costa, Meridiano de Lisboa, Editorial Acção, Colecção Estudos Portugueses, Lisboa, 1943.
Na verdade, porém, depois dos «Vencidos da Vida», que tivemos nós digno de atenção? Os integralistas e os futuristas, saídos da mesma reacção contra a nossa atonia moral, política e intelectual, mas seguindo caminhos diferentes, desencontrando-se e morrendo, finalmente, por formas diferentes.
O Integralismo foi, manifestamente, o movimento intelectual mais interessante dos últimos cinquenta anos da vida portuguesa. Porque falhou? Porque fracassou? (...)
Quando acima digo que o Integralismo fracassou, o verbo deve entender-se no seu sentido relativo. Fracassou como organização de combate; não fracassou, porém, no seu aspecto doutrinário, porque as ideias que propugnou estão hoje na raíz do Estado Novo. (...) No plano doutrinário, com a morte de António Sardinha, o Integralismo Lusitano perdeu o seu Chefe incontestado — e ninguém se sentiu com forças para o continuar. No plano da acção política, o Integralismo fracassou, e os integralistas dispersaram-se. Se o Integralismo tem permanecido, alguns anos mais como trincheira puramente doutrinária, a sua posição na sociedade portuguesa talvez hoje fosse outra, talvez outro tivesse sido o seu destino...
Augusto da Costa, Meridiano de Lisboa, Editorial Acção, Colecção Estudos Portugueses, Lisboa, 1943.
1 Comments:
Óptima sugestão; à qual, no entanto, não poderemos ser nós a corresponder. Espero sinceramente que surjam mais «sítios» com essa vocação/missão (há já alguns, destacados na coluna da direita).
Saudações!
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