Lisboa de outras eras
Ainda sou do tempo em que se tinha, para a vida, no bairro, uma barbearia — onde se cortava o cabelo e a barba pela primeira vez —, um alfaiate — que nos fazia desde o primeiro fato até o fraque para o casamento —, uma mercearia — onde se punha "na conta" e os pais fingiam não perceber —, uma pastelaria — onde se comia após uma noitada, já de manhã, e se voltava, quase a seguir, com os pais, para o pequeno-almoço antes da missa, e os empregados fingiam que não tínhamos lá estado —, uma livraria — onde se deitava o olho a revistas "atrevidas" e se liam os primeiros clássicos; e, ao longo da vida nos foram reservando os livros que sabiam ser ao nosso gosto, sem nada termos pedido —, um cinema — onde se assistia sempre à estreia do último filme do nosso realizador preferido —, e tudo o mais que fazia a vida ser vivida; e, não mera sobrevivência, como agora.
4 Comments:
Por outras palavras, o mesmo que eu disse, no mesmo espírito - e com a mesma tristeza. Abraço.
É isso mesmo.
Abraço.
Caro Amigo:
Bem lembrado. Assino em baixo de cada palavra com plena identificação de sentimentos.
Um abraço.
Estaremos a ficar velhos?! O 'café central', indispensável para estar um bocadinho, quando se chega a uma terra deste nosso Portugal, ainda existe?
Agora é tudo em pé! Quase tudo...
Um abraço.
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